Fonte: Mundo do Marketing - 04/05/2009
A crise econômica não é mais assunto corriqueiro na mídia. Porém, a sombra dela está deixando empresas preocupadas com o comportamento do consumidor. Até companhias voltadas para a classe A estão perdendo força apesar de suas marcas estarem sempre na mente dos consumidores. Uma pesquisa feita pela Fractual Consulting mostra o impacto da crise econômica no consumo da classe A. O resultado aponta para um momento em que os consumidores de maior poder aquisitivo dependem também de iniciativas do Governo e resultados de mercado para continuar consumindo.
O estudo aponta para um comportamento mais defensivo dos consumidores cuja renda mensal é maior que o consumo. Diferente das classes B, C D e E, as mudanças para estes consumidores são nos padrões de investimento. Mesmo com renda mensal que varia de 7 a 14 mil reais, com a crise, o comportamento do consumidor é mais racional e exigente, segundo Celso Claudio, presidente da Fractual Consulting.
Priorizando custo e beneficio, o comportamento de compra da classe A durante a crise se baseia na qualidade de um bem ou serviço. Com cada vez mais consciência de seu poder de compra, aumenta a sua sensibilidade por um bom preço. Segundo Claudio, este consumidor torna-se menos vulnerável ao poder da marca, ou seja, está cada vez menos fiel a ela.
Esperança na demanda interna
A pesquisa da Fractual mostra que a renda mensal familiar da classe A, que está dividida em A1 e A2, varia de R$ 14.250 a R$ 7.557 respectivamente. O que parece muito se torna discrepante se comparado aos R$ 329,00 que a classe E costuma ter de renda mensal. Antes da crise econômica se anunciar, só no setor de imóveis os brasileiros investiam 19,7% de seu consumo médio.
Mas, de acordo com o presidente da Fractual Consulting, o brasileiro pode esperar por um 2009 de crescimento devido a fatores determinantes na demanda nacional como desempenho, recuperação dos preços de commodities exportados e, principalmente, a demanda interna. Esta, segundo Cláudio, é a força que tem sustentado a economia brasileira durante o período de crise.
“Para fugir da crise os investidores adotaram uma estratégia defensiva, mas vejo o Brasil com grandes instrumentos monetários para fazer frente a isso, como o espaço que a taxa de juros tem para cair, por exemplo”, avalia Celso Cláudio durante o Fórum ABA Rio de Pesquisa, realizado no Rio de Janeiro.
Sudeste e Nordeste recebem maior investimento
Este cenário compõe a realidade da outra extremidade do consumo: as classes C e D. As regiões Sudeste e Nordeste do Brasil podem vislumbrar crescimento baseado no programa de investimento do Governo que deve atingir R$ 110 bilhões este ano. O estudo mostra que os principais investimentos do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) serão no Sudeste e Nordeste brasileiro.
O Sudeste receberá cerca de R$ 70,6 bilhões (ou 47,7%) enquanto o Nordeste ficará com 24,8% dos investimentos. As outras regiões aparecem com R$ 23,1 bilhões para a região Norte, R$ 10,7 bilhões no Sul e R$ 7,6 no Centro-Oeste do país. Mas, não são apenas estes números que constroem o otimismo de Celso Claudio quanto ao comportamento de consumo na outra ponta.
“É preciso que a política assistencial (do Governo) seja eficiente, assim como os programas sociais e até a manutenção do emprego das classes C, D e E”, diz Celso Claudio. Neste cenário, as classes de menor renda de consumo manterão o consumo em áreas básicas como alimentos, aluguéis, eletrodomésticos e insumos da construção civil. Na classe média a aquisição de imóveis, alimentos, carros usados ou semi-novos e a redução de alguns itens de serviço estão inseridos no comportamento de compra dos consumidores. Para a classe mais alta, o consumo em 2009 estará ligado ao turismo interno, marcas premium importados, imóveis comerciais, segurança, educação, cultura e entretenimento, de acordo com dados da pesquisa.
Classe A também recua com a crise
Para se manter vivo enquanto o mercado se torna gradativamente mais competitivo, Cláudio aconselha as empresas à fazerem escala de operação e de produtividade, avaliar custos de distribuição e a sua qualidade. “Estas são variáveis relevantes nessa competição”, ensina.
É inegável que o comportamento de consumo dos brasileiros da classe A mudou por conta do que pode acontecer na economia. “Eles estão mais defensivos. As mudanças do consumidor que tem renda mensal maior que o seu consumo são feitas nos padrões de investimento. Eles apresentam comportamento racional e exigente, buscam a qualidade e sabem do seu poder de compra”, aponta Cláudio.
Cada vez menos vulneráveis ao poder de uma marca, estes consumidores acabam minimizando a sua fidelidade a elas. Por outro lado, na classe A como em todas as outras classes, a pesquisa da Fractual Consulting revela que o consumidor de uma forma geral está mais voltado para o consumo familiar, e com isso ele apresenta maior taxa de permanência no lar. “É necessário localizar demanda geograficamente e identificar as formas de consumo para sair na frente e manter a competitividade. Reduzir os custos de capacitação e redefinir os papéis e funções das cadeias de distribuição”, completa o presidente da empresa.
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