terça-feira, 19 de maio de 2009

Abílio Diniz diz que "atacarejo" é moda com prazo para terminar

Fonte: Gazeta Mercantil - 19/05/2009

"O atacarejo é fashion, é o modelo da moda, todo mundo quer", afirmou o empresário Abilio Diniz, presidente do conselho do Grupo Pão de Açúcar, em palestra realizada ontem em São Paulo, sobre a estratégia da empresa de investir no formato de lojas híbridas, que misturam atacado e varejo, e que há alguns anos, ele mesmo condenava. "O momento é de surfar nesta onda (do atacarejo), que tem mais de dois metros e meio de altura, porque depois o mar vai ficar liso e ninguém mais vai surfar", afirmou, sem especificar qual seria o possível momento de declínio deste formato de negócio.

Recentemente, o grupo anunciou que o foco da expansão está na abertura de unidades Assai (atacarejo) e Extra Fácil (mercados de conveniência). A rede, que anunciou aberturas de 50 ou 70 lojas em 2009, inaugurou no primeiro trimestre apenas cinco novas unidades Extra Fácil. Entre aberturas e reformas, a companhia investiu R$ 100,3milhões ante R$ 123,8 milhões do primeiro trimestre de 2008.

Diniz garante que não desistiu do formato supermercados. "Vamos continuar abrindo lojas até mesmo em lugares onde não é preciso." Entretanto, essa não parece ser a maior preocupação do empresário. No ano em que o Pão de Açúcar comemora 50 anos - o grupo tem 60 anos de existência, mas começou atuar como supermercadista só em 1959 - Diniz afirma que, para melhorar a eficiência da rede, deve focar o trabalho em áreas ainda pouco rentáveis, como à venda de produtos de marca própria.

"Nunca fomos bons em marca própria. O Casino (sócio francês do grupo) é uma das companhias que melhor trabalha marca própria na França, mas nós temos uma performance ruim", admite. A Qualitá, voltada para itens básicos como feijão, arroz, café e verduras e a Taeq, de itens orgânicos e para o bem-estar, são as duas principais marcas próprias do grupo Pão de Açúcar, de um total de 15, distribuídas entre os segmentos alimentar, têxtil, bazar e eletrônicos.

Na Europa, a comercialização de produtos de marca própria representa entre 40% e 60% das vendas de um supermercadista. No Brasil, a representatividade destes produtos é de apenas 7%. "No País, o foco destas marcas era o preço. Se o cliente queria comprar álcool, por exemplo, ele levava o de marca própria, que era mais barato. Agora na hora de levar um ovo de Páscoa, o cliente achava que não era adequado", afirma Eduardo Gasperini, gerente de marcas exclusivas do grupo Pão de Açúcar.

Com um ano de existência e aproximadamente 1,2 mil itens, a Qualitá representa 60% dos produtos de marcas exclusivas da rede. Até o final de 2009, o objetivo é chegar a 1,4 mil itens. E a tendência é que marcas próprias como a que leva o nome do grupo - a Pão de Açúcar - percam espaço nas gôndolas da varejista.

Pesquisa

Um estudo realizado pela Latin Panel e GFK, a pedido da Associação Paulista de Supermercados (Apas), que ouviu 97 supermercados, revela que expansão de lojas está em último lugar quando o assunto é estratégias dos supermercadistas para 2009. Com os dados da pesquisa, a Apas estabeleceu um ranking de prioridades das redes de supermercados. A redução de custos na empresa aparece em primeiro lugar, seguido da necessidade de diminuir perdas de produtos. A alavancagem de resultados financeiros (lucratividade e caixa) aparece em terceiro lugar. Já o item expansão é o último da lista, aparecendo no décimo sexto lugar.

De acordo com o estudo da Apas, a renda média do brasileiro em 2008 foi de R$ 1.558,00, crescimento de 6% em relação a 2007. Já o gasto médio mensal do consumidor ficou em R$ 1.540 em 2008, aumento de 9% na comparação com o ano anterior. Os consumidores das regiões Norte e Nordeste foram os que mais gastaram em 2008. O gasto médio mensal nestas regiões foi de R$ 1.179,00, crescimento de 13% em relação a 2007. A renda média nestas regiões foi de R$ 1.198,00, 7% maior que em 2007.

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