Fonte: Brasil Econômico
Desde a abertura de sua primeira loja verde na cidade de Indaiatuba, interior de São Paulo, em junho de 2008, o Grupo Pão de Açúcar vem testando a viabilidade de utilizar o modelo de construção sustentável na expansão da rede de lojas. Passado o período de aprendizado, João Edson Gravata, diretor de operações
da varejista, diz que é possível colocar em prática os planos do grupo. A partir de agora, todas as lojas da bandeira Pão de Açúcar serão verdes.
Está sendo inaugurada hoje em São Paulo, no bairro Vila Clementino, sua quinta loja sustentável, terceira da capital paulista. Além de Indaiatuba, a empresa tem unidades ecoeficientes em Ribeirão Preto e nos bairros paulistanos Brooklin e Vila Romana. O investimento do grupo nos supermercados verdes foi de R$ 45 milhões em 2009.
A iniciativa não é privilégio do Pão de Açúcar. Como parte de uma estratégia global, o Walmart vem investindo para tornar as lojas verdes uma realidade. Neste ano, foram quatro unidades sustentáveis, todas no formato hipermercado que leva a marca tradicional Walmart Supercenter. “Os hipermercados abertos a partir de agora continuarão respeitando o meio ambiente. No ano que vem, vamos estudar uma maneira de fazer o mesmo com as demais bandeiras”, afirma Héctor Núñez, presidente do Walmart
Brasil.
Em 2010, a rede prevê a inauguração de 110 lojas sendo que mais da metade nas bandeiras Maxxi Atacado e Todo Dia. “Parte do investimento será usado para a reforma de lojas. Se for possível, transformaremos as unidades existentes em ecoeficientes também”, dizNúñez. Essas lojas “ecoeficientes” gastam 40% menos água, consomem 25% menos energia e reduzem em 30% a emissão de gases do efeito estufa na comparação com um hipermercado tradicional.
Iniciativas do Pão de Açúcar
“Aprendemos que não é preciso ter lojas verdes com as mesmas características. Todas as unidades novas do Pão de Açúcar virão com um conjunto de iniciativas sustentáveis, que levam em consideração as possibilidades de construção e o retorno previsto para o investimento”, explica Gratava.
“Em algumas, trabalhamos com 60 ações, emoutras 30”. É 10% a 15% mais alto o custo de ma unidade certificada em iderança em Energia e Design Ambiental (Leed, na sigla em inglês) — selo concedido pela ONG americana United States Green Building Council, de acordo com critérios de racionalização de recursos. A loja de Indaiatuba conseguiu a certificação recentemente. A rede pretende pedir o selo também para a unidade de Vila Clementino, em São Paulo. Estas unidades têm economia de 30% em energia, 35% em emissões de carbono, 30% a 50% de água e de 50% a 90% no descarte de resíduos.
As ações socioambientais fazem parte do plano de desenvolvimento do Grupo Pão de Açúcar. E, de acordo com Gravata, está sendo avaliada a possibilidade de levar o modelo de construção para as outras sete bandeiras do grupo. A marca Pão de Açúcar, que está posicionada em mercados de maior poder aquisitivo, tem hoje 143 unidades e abriu neste ano quatro pontos de vendas, todos sustentáveis. Outras duas lojas foram convertidas para a bandeira, mas sem o conceito verde.
Gravata conta também que a empresa está aplicando uma série de iniciativas para cultivar a sustentabilidade nos pontos de venda tradicionais, que não foram construídos no modelo verde. Entre as ações está a Caixa Verde, um recipiente colocado na saída dos caixas para incentivar os clientes a descartar embalagens ainda na loja. Esta ação está presente em 27 unidades da rede. “Também temos estações de reciclagem em 103 lojas”, diz Gravata.
PÃO DE AÇÚCAR
R$ 45 milhões é o investimento do Pão de Açúcar na inauguração de quatro supermercados sustentáveis neste ano, sendo um em Ribeirão Preto e três na capital paulista.
INVESTIMENTO
15% é o aumento estimado no custo da construção de loja ecoeficiente, certificada com Leed, segundo dados do Pão de Açúcar.
WALMART
25% é a redução no consumo de água de uma loja ecoeficiente do Walmart, em relação às tradicionais. A emissão de gases cai 30%.
Tendência ganha adeptos no comércio
Das lâmpadas que gastam menos energia à madeira certificada, da coleta seletiva ao uso de sacolas reutilizáveis – a tendência no varejo hoje é de busca pela sustentabilidade. “Vale tanto para os produtos à venda como para o gerenciamento de recursos e o incentivo a práticas adequadas por parte dos fornecedores”, afirma Luis Macedo, assessor do Programa de Responsabilidade Social e Sustentabilidade no Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Segundo Macedo, a tendência começou com os supermercados, mas está se expandindo. Além do Pão de Açúcar, a rede Walmart e o Carrefour investem em lojas verdes, que utilizam no seu cotidiano tecnologias que diminuem o consumo de energia, gás e água. No Carrefour, por exemplo, as lâmpadas têm refletores de alumínio que aumentam a eficiência na iluminação e proporcionam uma economia de até 45% de energia elétrica. Para diminuir o consumo, a rede instalou sistemas de captação de água de chuva, reuso e torneiras com controle de pressão e vazão.
Movimento sem volta
Hoje, lojas de materiais de construção, como a Leroy Merlin, também adotam princípios sustentáveis. Este ano, a rede inaugurou em Niterói, no Rio de Janeiro, a sua primeira loja verde com o certificado Aqua (Alta Qualidade Ambiental), por atendermais de 80 itens de sustentabilidade, considerando a concepção e a construção do empreendimento. Já a C&C Casa e Construção abriu sua loja conceito na Marginal Tietê, em São Paulo, utilizando torre eólica e um sistema de captação de energia solar para substituir parte da energia elétrica do local. Além disso, todas as árvores nativas do terreno foram preservadas e, para auxiliar na passagem de luz natural, o telhado da unidade tem 8% de transparência. Há ainda estações de reciclagem, nas quais os visitantes podem descartar lixo, incluindo pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes.
O importante, segundo Macedo, é que esse movimento no varejo não tem volta. Além de ser importante para amanutenção da marca, significamais eficiência e menos gasto.
Do ponto de vista do consumidor, também traz vantagens. “Todas as pesquisa mostram que os consumidores estão atentos e buscam alternativas que levem em conta produtos que não impliquem prejuízo ao meio ambiente e privilegiem os fornecedores locais”, afirma Macedo. Ele lembra ainda que a busca de sustentabilidade pelo varejo também implica pressão sobre os fornecedores que, por sua vez, têm de se adaptar aos novos tempos.
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