Fonte: DCI
A rede de supermercados francesa Carrefour, com oito lojas de conveniência em postos de gasolina com bandeira da empresa, vai ganhar um concorrente de peso, caso o Grupo Pão de Açúcar (GPA -Companhia Brasileira de Distribuição) entre no segmento. A companhia de Abílio Diniz e do grupo Casino estuda implantar um modelo de loja de conveniência com marca própria para atuar nos postos de gasolina da rede, e ganhar espaço na disputa do segmento em postos de gasolina. Essa área cresce, em média, 15% ao ano e é hoje dominada por AM/PM, bandeira da distribuidora de combustível Ipiranga, além de BR Mania, marca com 722 lojas nos postos da BR Distribuidora, braço de varejo de combustível da Petrobras, além da Shell Select (Shell) e da Chevron, braço da Texaco.
A ideia é ir além da bomba e usar a estrutura dos mais de 80 postos próprios do Grupo Pão de Açúcar para abocanhar parte do faturamento de R$ 1,6 bilhão que a modalidade de varejo deve faturar em 2010, segundo especialistas do mercado. Para a varejista, a abertura de novos postos está entre as metas para os próximos três anos, período em que o GPA deve investir R$ 5 bilhões.
Sérgio Groba, gerente de postos de combustível do GPA diz que a companhia poderá operar a nova bandeira ou adaptar modelos menores de supermercado para atuar junto aos postos de rua de bandeiras da rede. "Criar formato de conveniência para atender aos clientes dos postos de rua é algo que a gente discute. Know-how para montar as lojas é algo que já temos", afirma.
De acordo com o gerente, a rede não pretende franquear as lojas de marca própria no futuro, como acontece com as operadas pelas distribuidoras de combustível. "Não teria sentido usarmos bandeiras de conveniência de outras redes: nosso negócio é varejo, em que temos expertise. Temos a confiança do consumidor quando oferecemos serviços adicionais." Groba conta que para ter sucesso nesse modelo é preciso ofertar ao consumidor uma seleção variada de produtos e zelar pelo atendimento rápido. "Isso faz a diferença neste modelo."
O professor Cláudio Felisoni de Ângelo, do Programa de Administração do Varejo (Provar), diz que o setor é atrativo para grandes varejistas porque atrai o consumidor que procura por facilidade na hora da compra. "Hoje, a proximidade e a facilidade ganham expressividade na escolha de onde comprar." Ainda segundo Felisoni, o modelo pode tornar-se um novo capítulo na briga das varejistas por causa da taxa de crescimento: "Os supermercados crescem aproximadamente 9%, mas este ano o setor de lojas menores, de conveniência, deve crescer ainda mais do que isso", conta.
De acordo com o professor, o comportamento do consumidor hoje leva-o a procurar fazer compras mais rápidas, fator determinante do crescimento das vendas nessas lojas. "Vemos nos estudos que 80% das pessoas frequentam esse tipo de comércio e que clientes de outras modalidades de varejo também têm sido abocanhados por esta modalidade."
Nuno Fouto, também professor do Provar, acredita, por sua vez, que há espaço para estas bandeiras de supemercadistas se destacarem neste segmento se elas oferecerem mais soluções ao cliente. "É interessante, porque o grupo vai ficar com um formato mais fácil de uma mesma marca. Parece que a marca Extra pega bem para esse modelo". A este respeito, Fouto diz que, mesmo havendo vários formatos, "é mais fácil ter uma rede de mesmo nome porque é mais fácil fortalecer um do que três quando se quer ter presença nacional".
Concorrência
A conveniência é um nicho que deve atrair também a atenção de outras gigantes em busca de novos modelos de negócios, para fugir da estagnação das vendas convencionais e das margens de lucro baixas, conta José Cláudio Correra, consultor de varejo e professor do curso de pós-graduação em Marketing de Varejo, no Senac.
Segundo o consultor, além dos supermercados, grandes varejistas de outros setores também se sentem atraídas às lojas menores, situadas em postos de combustível. Exemplo é a B2W, que opera a Lojas Americanas. A rede também mostra musculatura no segmento com as operações da Americana Express, lojas menores, montadas a partir da conversão das locadoras da Blockbuster, incorporadas à rede em 2007. "A Americanas gostou da brincadeira e está abrindo várias lojas neste segmento", diz .
Na opinião de Correra, a concorrência no segmento está diretamente ligada à oferta de produtos e serviços das empresas para os clientes, como serviços de farmácia e restaurantes, junto às lojas. "Começam agora algumas tendências, como a de comida rápida nestas lojas", conta ele, citando como exemplo a venda de lanches nas lojas AM/PM, dos postos de gasolina Ipiranga.
Interessados no crescimento do setor, sindicatos filiados à Fecombustíveis, entidade que representa os postos e distribuidoras em todo o País, também apostam no aumento do segmento e já criaram ao menos três marcas para atuar nos postos: Aghora, 1 Minuto e Como Convém.
Mix
Diferentemente de alguns anos atrás, quando o principal atrativo das lojas de postos de gasolina eram produtos para carros, o setor visa à profissionalização com a venda de itens mais sofisticados e de soluções para o lar, além do aumento dos investimentos em publicidade. Nas lojas AM/PM, por exemplo, é possível encontrar até ovos de Páscoa e outros alimentos. Para José Cláudio Correra, o crescimento do segmento acirra a disputa e atrai grandes players para a área.
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