Fonte: Valor Econômico
Analistas de varejo e associações comerciais e lojistas de todo o país ouvidos pelo Valor alertam para um processo de acomodação do crescimento do consumo a partir de junho - período de Copa do Mundo. O Mundial estimulou algumas atividades (bebidas, eletroeletrônicos e vestuário) e prejudicou outras, como material de construção e automóveis - este último contou com IPI reduzido até o fim de março. O comércio teve um desempenho muito forte especialmente nos primeiros três meses do ano, em parte devido à antecipação de consumo provocada pela vigência do IPI mais baixo para veículos e eletrodomésticos.
A Copa interferiu negativamente no comportamento dos consumidores em São Paulo, onde o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) registrou em junho recuo de 3% sobre maio nas vendas a prazo. Em Santa Catarina e no Pará foi verificado queda superior a 5% no mesmo intervalo de comparação. "Foram quatro jogos do Brasil. Isso produz paralisação bastante significativa. E junho também é mais curto do que maio e não tem o mesmo apelo comercial do Dia das Mães", explica Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Para Ricardo Bomeny, presidente da BFFC - que reúne as franquias Bob's, KFC, Pizza Hut e Doggis -, a Copa afetou o varejo como um todo em junho, especialmente o setor de alimentação. "Só havia jogos às 11h ou 15h30, justamente o período da hora do almoço, o que prejudicou bastante as nossas vendas", conta Bomeny, sem informar de quanto foi a queda.
Nas 12 lojas de roupa Overboard foi preciso investir quase R$ 200 mil em marketing para evitar queda do faturamento de junho. O diretor da rede, José Luiz Perez, informou que até a estreia do Brasil na Copa, em 15 de junho, as vendas cresciam num ritmo de 50% em relação a junho de 2009. Depois, o movimento caiu, mas a empresa conseguiu fechar o mês com crescimento de 29%. "A campanha nos ajudou a aproveitar bem o Dia dos Namorados, fizemos propaganda de rádio e promoções e enviamos mensagens para 250 mil clientes", afirma Perez, que prevê alta de 40% das vendas neste ano e faturamento de R$ 40 milhões.
Já para o gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi, o "efeito Copa" evitou uma queda generalizada do varejo em junho, quando o indicador nacional de atividade do comércio, medido pela empresa, cresceu 0,1% no mês em relação a maio, quando a alta foi de 1,4%, já descontadas as influências sazonais. "A única alta, de 1,5%, veio do segmento eletroeletrônicos. Ou seja, forte vendas de televisores", diz.
A variação do índice em relação ao mesmo mês do ano anterior subiu 9,2%, ficando pela primeira vez abaixo de 10% desde outubro de 2009 nessa base de comparação. Solimeo argumenta que o desempenho do varejo nos próximos meses seguirá firme graças à manutenção do aumento do emprego e da renda, mas num ritmo de acomodação. "Será um período de bases de comparação mais altas."
No Rio, as consultas ao SPC, indicador do CDL que reflete o movimento de compras, cresceram em junho 8,3% em relação ao mesmo mês de 2009, e caíram 7% na comparação com maio deste ano. Para o diretor de marketing do grupo varejista Hermes, Gustavo Bach, a Copa do Mundo só ajudou. "A gente já vinha em um ritmo muito forte e a Copa ajudou ainda mais", disse. Segundo ele, tanto em maio como em junho as vendas do site Comprafacil.com cresceram 85% tanto em maio como em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado. O grupo planeja faturar este ano R$ 2,2 bilhões - crescimento em torno de 90% sobre 2009.
domingo, 18 de julho de 2010
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