Fonte: DCI - 13/05/2009
A disputa no setor supermercadista brasileiro ganhará em breve um novo impulso com o Grupo Pão de Açúcar (GPA) de olho no mercado imobiliário, ao anunciar, ontem, a criação oficial de sua nova divisão no segmento. A estratégia da segunda maior varejista do País segue os passos de outros concorrentes de peso, como o Carrefour, dono do Shopping Butantã, em São Paulo. O Grupo Zaffari, do Rio Grande do Sul, é outro exemplo: além de operar supermercados, administra também o Bourbon Shopping Pompéia, na capital paulista.
O GPA possui imóveis avaliados em R$ 2 bilhões, mas o montante pode ser maior se trazido a valor de mercado. De acordo com Enéas Pestana, vice-presidente administrativo-financeiro do grupo, foi decido pelo presidente, Cláudio Galeazzi, que um dos focos este ano seria a estruturação do negócio imobiliário. "A estrutura jurídica da empresa está em fase de organização, sendo que em um primeiro momento ela funcionará apenas como uma subsidiária da companhia", explica o vice-presidente.
No início deste ano, a companhia já avaliava a construção de torres comerciais ao lado de suas lojas. No primeiro trimestre deste ano também foi intensificada a compra de novos terrenos, visto que o valor desses ativos caiu bastante desde a eclosão da crise e muitas construtoras os puseram à venda para fazer caixa. A nova divisão ficará a cargo de Caio Mattar, diretor executivo responsável pela administração imobiliária da companhia e pela expansão orgânica.
Pestana comenta que, por ser engenheiro civil, Mattar possui todo o background para ser responsável pelo novo negócio e, juntamente com todo o time da empresa que já atua nesta área, vai administrar e rentabilizar os imóveis da GPA. O vice-presidente não revela quantos terrenos foram adquiridos neste ano nem onde estão localizados, mas pontua que "a compra foi pulverizada por todo o Brasil, por isso, a expansão do grupo está garantida nos próximos dois anos."
Em relação ao desempenho nas vendas do primeiro quadrimestre, o executivo detalhou que as vendas brutas totalizaram R$ 7,2 bilhões e que as vendas líquidas atingiram R$ 6,3 bilhões, com crescimentos de 10,6% e 13,9%, respectivamente, superiores às expectativas da empresa. Já a respeito do primeiro trimestre, foram registrados ganhos de R$ 94,9 milhões ante o lucro de R$ 33,2 milhões em igual período do ano passado. O resultado é atribuído à alta das vendas e ao controle dos gastos.
Apesar de ter reduzido os investimentos no primeiro trimestre, o Pão de Açúcar "avalia uma aceleração" para os próximos trimestres. Neste ano foram investidos R$ 100,3 milhões, enquanto no mesmo trimestre de 2008 o montante era de R$ 123,8 milhões. "Aqui é um pé no freio e o outro no acelerador. Hoje, estamos com mais vontade de acelerar, devido às respostas do mercado, e isto poderá se refletir nos próximos trimestres", afirma Pestana.
Concorrência
No segmento imobiliário, o gaúcho Zaffari, que detém seis shopping centers com mais de 900 lojas em funcionamento, investe R$ 100 milhões em um mall especializado em soluções para o lar, o Porto Alegre CenterLar, em parceria com o Grupo Cassol, que abrigará aproximadamente 120 lojas, tendo como âncoras um Hipermercado Zaffari e a primeira loja Cassol Centerlar do Rio Grande do Sul. A previsão é que o empreendimento esteja operando plenamente no próximo semestre.
O Zaffari atua na administração de centros de compras há 18 anos, sendo que em 2008 iniciou sua atuação na capital paulista com o Bourbon Pompéia. Para a cidade, a companhia mantém planos a longo prazo, já que dispõe de uma área de 175 mil metros quadrados na Vila Prudente (zona leste) e outra na Avenida Luiz Carlos Berrini (zona sul), onde poderão ser construídos novos shoppings.
Já o Carrrefour briga no mercado com um braço voltado a centros de compras. A diretora do Carrefour Malls, Conceição Rosa Montini, destaca que a rede atua no segmento imobiliário desde sua chegada ao Brasil, há 34 anos, com a oferta de galerias comerciais presentes nas unidades do Carrefour e Carrefour Bairro, além do Shopping Butantã, que completará 15 anos. "O segmento colabora no fluxo de clientes para as lojas e fortalece a marca da companhia", diz.
Recuperação
Em relação ao desempenho no consumo, a firma de pesquisas LatinPanel aponta que a crise internacional não impediu que os brasileiros elevassem o consumo de bens não duráveis. Entre os 11 países consultados, o Brasil está na terceira posição como mercado de maior expansão em volume de compras, 2,6% nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, ante o mesmo intervalo do exercício anterior.
Enquanto o varejo brasileiro demonstra curva ascendente e disputa por novos nichos, nos Estados Unidos as redes registram sua primeira alta anual de vendas desde dezembro. Pesquisa do Conselho Internacional de Centros Comerciais (ICSC) indicou, ontem, que a atividade registrou crescimento de 0,5%, o maior desde 29 de novembro de 2008. Na semana anterior, as vendas ainda estavam em queda de 0,8% em ritmo anual. Em projeção semanal, as vendas subiram 0,3% de 3 a 9 de maio, mantendo alta de 0,7% na semana anterior, depois de 15 dias em baixa. Este mês, a ICSC prevê uma queda de vendas que poderá chegar a 1% em ritmo anual. A ICSC havia anunciado na semana passada que as vendas das varejistas norte-americanas tinham aumentado 0,7% em abril, em relação ao mesmo mês de 2008.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
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