quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Crise vira motivação para fidelizar, diz pesquisa

Fonte: Mundo do Marketing

O hábito de consumo do brasileiro perante a crise econômica mundial e a perspectiva de comportamento nos próximos anos são positivos. É o que indica um estudo da Cetelem em parceria com a Ipsos-Public Affairs feito com 1.500 pessoas maiores de 16 anos, de 2008 até o primeiro trimestre de 2009. A quarta edição da pesquisa “Observador Brasil” foi tema do 2º Painel de Tendências realizado pela Infoglobo.

De acordo com o estudo, em 2008, 44% dos consumidores brasileiros acreditavam que a situação do país iria melhorar, enquanto que na Europa, por exemplo, apenas 17% dos entrevistados tinham a mesma opinião. A pesquisa foi realizada em outros 13 países onde a Cetelem atua, com o objetivo de mapear o mercado local e entender o hábito de consumo de cada região.

A entrada de 12 milhões de consumidores na classe C em 2008 e, consequentemente, o crescimento da renda familiar em todas as classes sociais no Brasil, recheou o estudo. O “Observador Brasil 2009” mostra que o supermercado está em primeiro lugar quando o assunto é o gasto essencial. Em 2008, o valor médio gasto era de R$ 352,00 contra R$ 322,00 em 2007.

“Marola” assustadora
A crise assustou os brasileiros. Apesar de não ter uma repercussão significativa no dia-a-dia da população, o consumidor se mostra menos propenso a gastar dinheiro com produtos e serviços caros. Mas as perspectivas de consumo continuam altas. No entanto, a internet, apesar de ganhar espaço a cada dia, não faz parte da vida da maioria dos brasileiros, já que 71% deles não têm acesso.

Dos que acessam a web, a maioria só compara preço e produtos antes da compra. Para diminuir a incerteza dos consumidores, Paulo Roberto Cidade, diretor de Atendimento da Ipsos-Public Affairs, acredita que é preciso seguir as tendências e construir uma relação de confiança. “Precisamos entender a transição das classes e saber que a relação de consumo mudou. A confiança do consumidor está baseada em seu emprego”, aponta.

Segundo Rogério Jonas Zylbersztajn, vice-Presidente da RJZ Cyrela, em agosto de 2008 a empresa registrou recorde em vendas e, curiosamente, em agosto deste ano um novo recorde foi estabelecido. “Apesar do otimismo, as pessoas estão comprando prazo e não preço”, diz.

Crise como oportunidades para fidelizar
A chegada da crise acendeu o alerta nos departamentos de Marketing que monitoram o mercado. Porém, as empresas que não perceberam a oportunidade de fidelizar sua marca com os consumidores podem estar atravessando um período de instabilidade. “Empresas que investiram em manter a marca na mente dos consumidores e se adequaram ao bolso deles, se mantiveram. As que não entenderam isso podem ter perdido mercado”, avalia Marcos Etchegoyen, Vice-Presidente da Cetelem.

Vale tudo na hora de fidelizar o consumidor e diminuir sua desconfiança sobre determinado produto. Tudo mesmo. De acordo com Alberto Almeida, autor do livro "A cabeça do brasileiro", colunista do Valor Econômico e diretor do Instituto Análise, até a embalagem tem a ver com a desconfiança do consumidor. “Além da coerência da comunicação”, emenda Paulo Roberto Cidade, diretor de Atendimento da Ipsos-Public Affairs.

Com relação a viagens, o brasileiro demonstra comportamento diferente dos norte-americanos, já que ainda é grande o número de consumidores do Brasil que querem entrar no avião pela primeira vez. Segundo a pesquisa, brasileiros que possuem crédito planejam suas viagens com três dias de antecedência contra seis meses de planejamento dos consumidores dos EUA. “A classe C está querendo entrar no avião, mas ainda é caro”, diz Alberto Almeida.

Internet com barreiras
Apesar de poucos consumidores brasileiros usarem a internet, a RJZ Cyrela obteve 18% de suas vendas em 2008 provenientes da web, segundo Zylbersztajn. Um dos obstáculos que impedem uma projeção maior está o preço alto do serviço e também dos computadores. Visto como uma opção para os computadores, a internet 3G não consegue espaço no Brasil principalmente porque a maioria das linhas de aparelhos celulares é pré-paga.

Com esta realidade, explica-se o crescimento acelerado de lan-houses pelo país. “No Brasil, a lan-house faz o papel de internet pré-paga”, define Almeida. “A principal barreira da internet é o preço e a infra-estrutura para comportar toda a população do Brasil”, acredita o vice-Presidente da Cetelem.

Quanto ao crédito, o estudo aponta para uma racionalização de parte da população brasileira. “A classe C valoriza preço e para comprar um apartamento ou uma casa, o consumidor busca opção de transporte e boa localização. Basta ver que um shopping da Zona Norte do Rio de Janeiro é considerado a praia daquela região. Isto explica o fato de que nos Estados Unidos e no México a população se muda em média quatro vezes, contra uma no Brasil”, completa o vice-presidente da RJZ Cyrela.

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