Fonte: Diário do Comércio - 03/06/2009
Pizza, comida japonesa, churrasco ou sanduíche. Quando o assunto é se divertir, o paulistano gosta mesmo é de almoçar e jantar fora de casa. Apesar da crise financeira mundial, os consumidores não deixaram de ir a restaurantes e lanchonetes. No último sábado, a região de Moema, na zona sul da capital, estava lotada de famílias, amigos e casais de namorados experimentando quitutes dos mais variados tipos, de sushi de goiabada com queijo a sobremesas feitas com vinho do Porto. A expectativa dos empresários do setor é de crescer até 18% neste ano, em relação a 2008.
Segundo uma pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (Apas), a alimentação dentro do lar representava 20,4% no orçamento das famílias em 2006, passando para 18% em 2007. Em 2008, houve um incremento dessa participação, para 18,6%. Para a entidade, o cenário "pode revelar a reversão de uma tendência do consumidor brasileiro, que vinha gastando menos em casa e mais nos restaurantes, dados o aumento da renda e a maior participação da mulher no mercado de trabalho".
No entanto, segundo o diretor jurídico da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SP), Percival Maricato, o primeiro trimestre se mostrou estável em relação a igual período do ano passado. "As pessoas não estão consumindo muito, mas também não deixaram de ir a restaurantes com amigos e familiares." É o caso do engenheiro Marcelo Zaidan, que costuma sair cinco vezes na semana para almoçar e jantar com a esposa, Ana Maria, os dois filhos, Felipe e Eduardo, e a mãe, Darci.
Todos os sábados eles se reúnem na churrascaria Fogo de Chão, em Moema, zona sul da capital. "Frequento o restaurante há vinte anos, antes mesmo de meus filhos nascerem. Gosto da comida e, principalmente, do carinho dos funcionários com a minha família. Aqui nos sentimos em casa", diz o engenheiro, que, nas noites de sextas e sábados, costuma levar a mulher para jantares românticos. "Sair para comer fora com quem se ama é fundamental", afirma.
Sem crise – De acordo com o gerente regional da rede Fogo de Chão, Gilson Belusso, a crise financeira
mundial não afetou os negócios da churrascaria. Muito pelo contrário. Com seis lojas no Brasil e 14 nos Estados Unidos, a empresa se prepara para abrir mais duas unidades em São Paulo até o final do ano. "Nos três primeiros meses do ano nos mantivemos estáveis em relação a igual período de 2008. Mas em abril e maio, já registramos crescimento de 6%", afirma. Para este ano, Belusso projeta crescimento maior, de 18%.
Os números continuam animadores para a rede: 85 mil clientes por mês, 12 mil garrafas de vinho e 85 toneladas de carne consumidas. "Churrasco é uma das comidas preferidas do brasileiro. Por isso, sempre trabalhamos com muito otimismo", observa. Em São Paulo, o rodízio na casa custa R$ 86 por pessoa. Incluindo bebida, sobremesa e cafezinho, o tíquete médio fica em torno de R$ 120 por cliente.
Além de churrascarias, a região de Moema concentra uma grande variedade gastronômica, passando pelas cozinhas alemã, portuguesa, italiana, mexicana, chinesa e japonesa, sem falar nas pizzarias e lanchonetes. Outros bairros, como o Itaim Bibi, também têm essa característica. De acordo com a diretora da Abrasel e sócia da rede Big X Picanha, Rita Poli, o setor de food service cresceu 262% nos últimos dez anos, enquanto o varejo – vendas em supermercados – registrou expansão de 107%.
Com dez unidades, o Big X Picanha continua em processo de expansão, apesar da crise internacional. Até o final do ano estão previstas outras dez inaugurações. A média de clientes aos finais de semana chega a 1,8 mil, com tíquete médio de R$ 20, e, por mês, são consumidas 20 toneladas de picanha. "A previsão é que em 2025, cerca de 50% do orçamento do brasileiro com alimentação sejam gastos fora do lar. Hoje, esse número está em 22%", diz Rita. Durante a semana, a rede serve almoço por quilo, um serviço que já representa 25% do faturamento.
Outro tipo de comida bastante apreciada na cidade é a japonesa. De olho nesse gosto especialmente paulistano, o empresário e chef Elson da Silva abriu o restaurante Koban, que já tem três unidades na capital. "Trabalho com culinária japonesa há 20 anos. É a minha paixão", diz. E é também a paixão dos clientes. Segundo ele, 120 quilos de salmão são consumidos por dia na rede e a bebida preferida é o saquê.
Cerca de 40% dos clientes frequentam o Koban de três a quatro vezes por semana, com tíquete médio em torno de R$ 50. "Reunimos o clássico da gastronomia japonesa com alguns toques de criatividade", diz. Um exemplo são alguns ingredientes utilizados nos pratos oferecidos pela casa. Fazem parte do cardápio sushis preparados com cream cheese, morango e goiabada. "A ideia é inaugurar mais dois restaurantes neste ano, e crescer 10% em relação a 2008."
Já para a Abrasel, a expectativa é de o crescimento do setor em 2009 acompanhar a expansão econômica do País. "Fatores desfavoráveis, como a lei seca e a que proíbe o fumo nos estabelecimentos, poderão prejudicar o desempenho dos bares e restaurantes", explica o diretor jurídico da Abrasel, Percival Maricato.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário